O autoprazer e a autoestima andam de mãos dadas? Vem descobrir.

Nos últimos tempos, o tema da masturbação feminina tem vindo a ser muito abordado e estudado. Já deves ter ouvido falar de alguns dos seus benefícios.

Hoje quero explorar contigo um deles e já deves estar a adivinhar qual é: o poder que a masturbação tem na nossa autoestima. Vens comigo explorar esta relação entre as duas?

  
O autoprazer e a autoestima têm uma relação muito próxima, inclusivamente, elas andam de mãos dadas e por várias razões. 

• O autoprazer empodera. Porquê? Porque, através dele, percebemos a capacidade que nós temos de nos dar prazer, deixamos de sentir que o nosso prazer apenas depende do outro e colocamo-lo nas nossas mãos (literalmente, também!). Entendemos que o prazer está disponível para nós sempre que quisermos, que ter ou não prazer pode ser uma escolha nossa (claro que isto não exclui nem sessões de acompanhamento caso existam bloqueios no que à sexualidade diz respeito e/ou a intervenção de médicos no caso de haver questões hormonais que nos estão a impedir de ter uma líbido alta).

• Além disso, para as mulheres que não tem parceiro ou parceira ou estão longe deles/as, o autoprazer dá, ainda, outro alcance ao empoderamento, uma vez que, ao nos proporcionarmos estes momentos, entendemos que a nossa sexualidade não morre, mesmo que o outro não esteja.

• Estes momentos em que estamos na nossa presença, muitas das vezes, estamos nuas ou com menos roupa, em que estamos a ter um contacto pele a pele connosco e, também, com a nossa própria imagem trazem-nos uma maior aceitação do nosso corpo e levam-nos a nutrir amor por ele, porque entendemos que ele é mais do que algo que se dirige ao escrutínio dos outros (de acordo com parâmetros que a sociedade coloca) - o nosso corpo está ali para nós, é a nossa casa e proporciona-nos sensações incríveis.

• Embora o orgasmo não aconteça sempre e não deva haver pressão para isso, ele tem muitos benefícios e faz com que libertemos uma quantidade considerável de hormonas, de entre as quais, a oxicitocina, a chamada "hormona do amor", que nos faz sentir mais conectadas e a serotonina que promove a sensação de prazer e bem-estar.

 
Estas razões que te acabei de explicar parecem suficientes e são marvilhosas, por si, mas convido-te a mergulhar numa parte mais profunda e subtil do largo oceano onde o autoprazer e a autoestima se encontram.

• Se já leste o artigo sobre como transformar o autoprazer num ritual de autocuidado sabes que, quando falo da masturbação, me refiro a um ato de conexão connosco mesmas. Este momento de conexão, de toque que cura, de escuta dos nossos pensamentos, emoções e sentimentos em relação à nossa sexualidade, faz-nos criar uma relação muito íntima connosco mesmas, uma relação de amor e cuidado, uma relação em que nos permitimos cuidar e ser cuidadas, dar e receber.

Esta ligação de amor, cuidado e intimidade é uma das principais necessidades que nós temos e que, muitas vezes, vamos buscar ao outro na ânsia de preenchê-la, como se fossemos um copo meio cheio em busca de enchear a outra metade. Quando criamos esta verdadeira relação amorosa connosco mesmos, o nosso copo enche, percebemos que nos bastamos só por existirmos e nos podemos amar só por isso. Assim, o amor que iamos buscar ao outro para encher o copo já nos foi dado, por nós mesmas - o outro fará com que o copo transborde (mas sem ele, o copo não se esvazia). Esta dimensão que o autoprazer traz à nossa autoestima e amor-próprio é tão profunda que, muitas das vezes, só a entendemos quando a pomos em prática.

• O autoprazer traz uma outra visão sobre nós mesmas, um despertar de um arquétipo que pode estar há muito adormecido - o arquétipo da Deusa Afrodite, a Deusa da beleza, da feminilidade, do erotismo, do amor. O que acontece é que os momentos que nos proporcionamos prazer despertam este lado erótico e sensual, que nos faz sentir mais sexys, que nos faz nutrir desejo por nós mesmas e pelo nosso corpo. 

Assim, o autoprazer não tem apenas como função satisfazer necessidades, ele tem uma dimensão muito profunda, de contacto com várias partes de nós, partes que, muitas vezes, estão adormecidas.

Joana Aguiar
Coach | Sexualidade, Relacionamentos e Amor-próprio

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